domingo, 15 de abril de 2007

Que comece o julgamento!

O preconceito, em sua definição, consiste em tirar conclusões a respeito de algo ou alguém por sua aparência ou pela visão que outras pessoas têm dessa mesma coisa ou pessoa.

Ninguém nasce preconceituoso. Assim como a maioria das características psicológicas, o preconceito é adquirido na infância e, também como a maioria das características psicológicas, é algo extremamente complicado de ser moldado depois de adquirido.

Ao contrário da visão que muitas pessoas têm de que os pais e a família de modo geral são os únicos responsáveis por essa parte da formação, eu penso que a escola e, principalmente, o círculo de amizades tendem a influenciar muito nesse tipo de comportamento, embora os pais sejam realmente os principais responsáveis. Explico: apesar de conviver algumas vezes mais tempo com os amiguinhos e com as professoras na escola do que com os pais, as crianças obviamente se sentem inseguras em relação a muita coisa e costumam aceitar as verdades dadas por seus pais como absolutas, mesmo que sejam a mais profunda babaquisse ou apenas algo inventado para esconder uma verdade inconveniente para a idade (de onde vêm os bebês, por exemplo), daí a explicação para que as crianças herdem, pelo menos até a fase do questionamento, todo o preconceito dos pais.

Como eu disse, o preconceito é algo difícil de ser moldado. Hoje em dia é moda "lutar contra o preconceito" ou se dizer não preconceituoso. Mais do que moda: é politicamento correto. Mas em muitos casos é hipocrisia! Eu mesmo digo sempre que tento não ser preconceituoso, na maioria dos preconceitos habituais eu me controlo, se fui preconceituoso na adolescência, acho que hoje não sou mais, acredito que em todos os tipos, mas no fundo há sempre aquele pensamento no fundo do cérebro, o anjinho brigando com o diabinho, te fazendo querer não pensar na situação que está vendo ou não julgá-la, ou à pessoa. Tenho dificuldade por exemplo quando estou em um ônibus ou lugar público lotado e vem um travesti. Não que eu não consiga controlar o preconceito, mas simplesmente não me sinto a vontade na presença de gays extravagantes, pelo simples fato de que eu não exibo minha masculinidade por aí, e tenho tanto preconceito contra os travestis quanto contra os caras que passam na frente de barzinhos lotados com seus sons altos e o ronco forte dos motores, achando que todas as mulheres da festa vão pular dentro do carro e dar pra eles. Vendo dessa forma acho que tenho preconceito contra a extravagância ou algo assim. Não sei de quem herdei esses valores e não sei o porquê de não conseguir me livrar deles sendo eu uma pessoa de bom nível cultural e financeiro e, imagino eu, inteligente. E não me sinto uma má pessoa por isso.

Após essa análise sobre o preconceito em si, vem a necessidade de tratar de uma ação da qual deriva o preconceito: o julgamento. E ao contrário do que muitos pensam, essa não é uma característica adquirida. É claro que isso é uma opinião, sem embasamento científico algum e sem garantias de que seja verdadeira. Mas eu tenho plena certeza de que todas as pessoas fazem julgamentos ao verem alguém ou algo com os quais não estão familiarizados, algo novo. Na minha opinião isso é próprio do ser humano, quase como um instinto, uma espécie de operação de reconhecimento que fazemos. O que muda é a análise que fazemos das coisas, os critérios adotados para considerar algo bom ou ruim, bonito ou feio, digno ou criminoso, amigo ou ameaça, e é nessa análise que se define o preconceito ou não de um indivíduo.

Acabei de ler no blog "O Cão Ocidental" um texto sobre o preconceito e resolvi fazer um post sobre o assunto também, roubando o título mas, como prometido, dando os créditos.

4 comentários:

P. Florindo disse...

Iuri, fico realmente feliz por saber que você gostou tanto do meu post e decidiu escrever sobre o mesmo tema. Para mim, é um bom sinal de reconhecimento.

Seu texto ficou muito bom. Abordou o tema de uma maneira bem inteligente e até mais clara do que o meu.

Após ter publicado o post (que por acaso foi escrito e reescrito algumas vezes, por ser um tema que gera muito pano para manga), eu fiquei pensando se eu realmente era ou não preconceituoso. No fundo no fundo, tem sempre aquela briga do anjinho com o diabinho, como você citou. Aí eu acho que não precisamos gostar de todo mundo. No seu exemplo do travesti, muita gente não se senteria a vontade de jeito nenhum, nem eu. Nesse caso, seria somente respeitar. O sujeito gosta de ser/estar assim e é feliz com isso, fazer o quê?

Parabéns pelo post. Vou te relacionar na minha lista de blogs.

Abraço.

Daniel Pfaender disse...

Eu ahco que preconceito vai um pouco mais além, vai de atitudes. Você não é obrigado a gostar de extravagâncias. Pela lei, você não deve é desrespeitar quem é extravagante, física ou verbalmente, sem motivo justo. Agora se você gosta ou não gosta não é problema algum. Muito bom o post!

P.S: alterei a fotne no meu blog! Havia recebido mais reclamações sobre a fonte! Abraços!

Felippe Fiori disse...

meu querido, nao mudei de universidade não, acredito que voce tambem não. estou certo? quem sabe agente nao se ve pelos corredores ou marca para tomar um café, ou que acha? :) abraços

Alan Mól disse...

auhauahuahuahuahuahha
o pessoal la da minha turma não vai entender nada do seu comentário...
mas a criação daquele blog prova como eu estou ocupado ultimamente.. até agenda pros outros eu faço...
confesso: nãi li o post, to com preguiça, quem sabe mais tarde.. :P
flw, Brother!