Eu passo pelo menos uma ou duas horas toda semana conversando com atendentes de tele marketing. Quem lê uma afirmação como essas pode pensar que eu sou um desses caras solitários que liga pro CVV pra pedir conselhos e contar problemas, mas não é isso. Bom, na verdade não é exatamente isso, mas é bem parecido. Eu conto sim problemas e peço sim ajuda, mas aos malditos atendentes da Telefônica e da Tim, serviços pelos quais eu pago e não canso de reclamar.
A verdade é que na Telefônica eu só ligo em caso de emergência, quando estou mesmo a ponto de dar um tiro na cabeça ou no modem (prefiro a segunda opção). E isso acontece porque eu já liguei lá tantas mas tantas vezes, que já conheço os atendentes pelo nome, os números que devo discar e os procedimentos que eles vão me mandar fazer, pra me dizer depois de longos 40 ou 45 minutos, que o problema deve ser com o meu computador. Como já sei também quais são os testes que eles vão mandar fazer eu digo que realmente o problema deve ser aqui e me dirijo pro meu quarto pra ler um livro ou pra sala ver TV, resignado. Afinal, depois de algum tempo o serviço naturalmente vai voltar. Acho que eu até entendo o lado dos atendentes, a culpa não é deles, mas custa dizer que a culpa é da operadora?
Quanto à Tim, ligo lá pra saber desde tarifas ao valor da minha próxima conta, e na parte de negociações especiais já consegui negociar um desconto de 25 reais em um plano de celular pós-pago, que é o que eu tenho hoje. Mas ainda assim o atendimento de lá é MUITO lento.
Mas apesar disso não processo ninguém!
Li a algum tempo atrás que uma mulher processou uma marca de cigarro por ter câncer no pulmão e outro processou uma rede de fast-food por ter colesterol alto. O fato de eles terem processado as empresas não é assim tão absurdo, o que é incompreensível é o fato de que eles ganharam, e elas foram obrigadas a pagar a eles as tais indenizações, que não foram pequenas! Quero dizer, não foi escolha da mulher começar a fumar quando ela era adolescente? Não foi escolha do gordinho comer milhares de lanches e batatas fritas até chegar ao limite do colesterol?
Li hoje na Folha de São Paulo que um cliente que teve uma discussão com um dos atendentes da Tim recebeu em sua conta de celular a incrição "FILHO DA PUTA QUE O PARIU", no espaço em que deveria constar o nome do dono da conta. Na notícia também consta que o filho da puta em questão está pedindo uma indenização de 300 mil reais à operadora, e conhecendo a justiça como eu conheço, até por relatos recentes de clientes que receberam indenizações milionárias, creio que ele vá conseguir a tal indenização. Mas ele não está errado, afinal foi realmente ofendido, mas será que 300 mil é realmente necessário?
Comparando o relato das minhas experiências com tais atendentes e a notícia de Folha eu chego à conclusão de que preciso começar a ser mais incisivo, ou pelo menos não tão cordial, quando ligar nas operadoras nas próximas vezes. Quem sabe assim eu não me desentendo com o atendente e tenho a sorte de ele mudar meu nome de assinante pra "VIADINHO" ou algo do tipo e recebo também uma indenização milionária? Claro que não estou aqui defendendo o estúpido que fez a mudança na conta do cara, isso nem vai afetar tanto assim a minha vida, mas cá entre nós, falando de processos judiciais, será que a coisa precisa mesmo ser assim?
A moda hoje na nossa sociedade é processar, e isso não se restringe a empresas e grandes prestadoras de serviço, a moda pegou também em questões pessoais: xingou minha mãe? Processo nele! Chutou meu cachorro? Processo também! Me chamou de gordinho na frente dos amigos? Processo! Que ridículo isso! Será que ninguém sabe se defender? Precisam recorrer à justiça pra dizer que o outro está errado? Não. A questão não é ver quem está certo, quem processa não está nem aí se foi realmente prejudicado ou qual foi a dimensão do dano moral sofrido, se preocupam é com a grana, que as empresas tem de sobra e que com o erro ou a exaltação de um funcionário no caso da tim, ou até argumentos absurdos como o caso do câncer ou do colesterol, fazem com que essas pessoas vejam nesse dano moral a possibilidade de ganhar uma bela grana. Ninguém está preocupado com uma retratação pública ou algo do tipo.
Por favor, não me interpretem mal, não estou dizendo que uma mulher que perdeu um filho em um hospital por negligência de quem deveria ter prestado socorro não tenha direito de processá-lo, ela tem sim direito e tem que receber muita grana, apesar de que isso não vai trazer o filho de volta; pelo contrário, me refiro às pequenas coisas, pequenas brigas e desentendimentos que atualmente viram motivo de processo, a fim de exorquir gordas indenizações, e isso é subsidiado pela justiça que não promove reuniões de reconciliação, mas obriga os "infratores" a encher os bolsos da outra parte, e saem de lá se odiando mais do que quando entraram!
A propósito, enquanto eu escrevia esse texto meu Word deu problema umas 4 vezes, pena que não posso ligar na Microsoft e nem mesmo encaminhar o relatório de erros, afinal a Microsoft não entra mesma na categoria de empresa da Tim e da Telefônica, que recebem de mim pelo serviço prestado, deixa pra lá.