Que no Brasil reina a hipocrisia todos sabem, mas a notícia da Folha de São Paulo deste sábado (17/03) me fez querer comentar e refletir sobre a situação.
O Governo do Rio de Janeiro, às vésperas do Pan, vai fazer um investimento a mais na área turística da cidade: vai investir na profissão mais antiga do mundo. É isso mesmo, as prostitutas estão tendo aula de inglês para atender melhor aos turistas durante o Pan, e o governo vai investir cinqüenta mil reais na reforma de um casarão que serve como prostíbulo.
O professor de inglês é voluntário e diz que foi inúmeras vezes atrás de igrejas e centros comunitários, afim de dar aulas de graça, como vem fazendo com as prostitutas, mas que não teve em nenhum outro lugar a metade do apoio que está tendo lá.
Não vou ser hipócrita como aqueles a quem estou criticando e dizer que o governo está errado em investir nisso: realmente grande parte do dinheiro gerado pelo turismo no Brasil, e este não contabilizado, obviamente, fica no turismo sexual. Isso é fato.
Obviamente as moças estão felizes com a oportunidade e, seguramente, ao contrário do que imaginam os mais otimistas, ninguém vai sair dali e trabalhar em uma profissão regulamentada só porque vai aprender algumas palavrinhas em inglês, mas sim usar a nova língua (leia-se idioma, por favor) para desempenhar melhor o seu trabalho.
Nunca existiram esforços por parte do governo e órgãos públicos para atender a essas mulheres, dá-las instrução e condições de trabalho, ou mesmo regulamentar a profissão. É muito mais fácil fazer como sempre foi, fingir que elas não existem. Acho que o governo do Rio está muito certo de apoiar as ONGs, que é o que sobra para representá-las. É pena que esse tipo de iniciativa só seja tomado quando se trata de um evento internacional como o Pan, que apesar de beneficiar alguns, não vai trazer grandes lucros para o país, haja visto que o orçamento previsto já foi extrapolado em mais de 500%. Porém, como disse o Lula (votei nele e votaria de novo, a propósito) o patrimônio vai ficar aqui depois, ou seja, os cidadãos cariocas poderão, além de usar os estádios, os quais duvido muito que atenderão à população realmente, poderão também usufruir de prostitutas bilingües e em um casarão reformado. Viva a hipocrisia!
Para quem não teve acesso à notícia na íntegra, aqui vai o link, embora seja necessário ser assinante para ler.
Abraço
sábado, 17 de março de 2007
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Um comentário:
Cara, concordo com tudo, se prostituição fosse um emprego legalizado, não ia mudar muita coisa da imagem que os outros teriam do nosso país, diferença é que elas pagariam impostos e teriam direitos trabalhistas, parabens pelo blog iuri!
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